sábado, 17 de novembro de 2007

Este Natal... quem sabe?!

Esta revisão é escrita para ajudar aqueles que andam a “sondar” Saint Petersburg com a intenção de o comprar. Não inclui regras ou uma explicação do funcionamento do jogo. É, antes de mais, uma tentativa de apresentar uma ideia daquilo que vem dentro da caixa e que pode influenciar na comprar deste jogo maravilhoso.

No fim espero ter ajudado à decisão!

Uma rapidinha do jogo...

Saint Petersburg é basicamente um jogo de cartas que utiliza um tabuleiro para manter uma certa organização no decurso do jogo. O tema de construir o império russo é elegante mas acaba por desaparecer ao longo do jogo. Os mecanismos são razoavelmente simples: oito cartas estão à venda em cada uma de quatro fases. Ao comprar cartas os jogadores (que usam o dinheiro de papel) ganham o direito a receber dinheiro e/ou pontos, que se encontra inscrito nessas cartas. O jogador com a maioria de pontos no fim do jogo ganha! Et voilá!

A parte complicada vem em definir estrategicamente os timing das compras e em saber que cartas são mais adequadas para a situação particular em que cada jogador está num determinado momento do jogo.

A renda proveniente das cartas adquiridas é sempre apertada - simplesmente nunca há dinheiro suficiente para comprar o que se quer - se o jogo terminar e os jogadores estiverem em débito (guardando cartas na mão) têm uma penalidade por não terem comprado as referidas cartas.

Uma partida decorre rapidamente (sensivelmente uma hora). O jogo dá sempre a sensação que acaba rápido demais pois os jogadores querem sempre mais uma cartita.

O jogo é para dois a quatro jogadores, mas funciona bem com qualquer número de jogadores, porque as regras ajustam-se a um jogo a 2, 3 ou 4!

Este jogo pode jogar-se quer com gamers, quer com gamers ocasionais (mas provavelmente não funcionará com os extremos dos dois grupos).

Há um elemento de gestão simples do dinheiro neste jogo que o torna especialmente interessante como elemento pedagógico com adolescentes. A indicação de idade mínima deste jogo é de 10 anos em diante, por isso é uma bela prenda para crianças em idade escolar.

Evolução da aprendizagem...

Eu classificaria Saint Petersburg como um jogo de peso médio, com uma curva de aprendizagem que não é muito íngreme. No primeiro jogo pode ser ligeiramente desconcertante, mas após um pouco de prática e ao ganhar conhecimento sobre os procedimentos de rotina, o jogo torna-se mais familiar e mais prazenteiro para os jogadores. A ideia de que este é um jogo de grande complexidade estratégica e matemática dilui-se com o número de jogos jogados, embora as componentes anteriores se verifiquem no jogo, no entanto deixam de ser um “bicho papão” para jogadores mais habitués.

As regras…

O rulebook de oito páginas é muito claro e cheio de ilustrações, essa ajuda explica muito bem o funcionamento do jogo, no entanto, as regras são incapazes de nos a sensação que é jogar mesmo o jogo, por isso, quem quiser comprar o jogo só pela leitura das regras não ficará muito entusiasmado.

Saint Petersburg trás colado a si um rótulo depreciativo, na minha opinião, de jogo mecânico, mas a profundidade que ele oferece pode surpreender. Este é um daqueles jogos que só ganha vida quando é jogado. Outra coisa que as regras não dão aos leitores é a tensão que provoca em quem o joga, este aspecto é deveras interessante, pois serve às mil maravilhas para treinar a capacidade de concentração e autocontrole emocional (embora no início não pareça evidente).

Há algum factor sorte... Sendo um jogo de cartas na sua essência, é obvio que existe sorte envolvida em todo o seu desenvolvimento. A ordem das cartas determina o que os jogadores podem comprar. Algumas cartas, quando aparecem em fases mais adiantadas do jogo tornam-se pouco vantajosas, enquanto que o inverso é também plausível. A ordem de turno (que muda continuamente) pode permitir que os jogadores retirem cartas influentes antes dos adversários, o que lhes trás vantagens fruto da sorte, mas há muitas escolhas e as avenidas da estratégia que este jogo oferece permite balançar bem a sorte e a estratégia pessoal.

Rejogabilidade...

Cada jogo é uma novidade, podemos dizer que não há dois jogos iguais, porque as cartas saiem sempre com ordens diferente em cada novo jogo. Outro aspecto curioso que dá maior rejogabilidade ao jogo é uma expansão chamada The Banquete, no entanto, é muito dificíl de ser encontrada à venda pois fez parte de uma oferta ocasional de uma revista da especialidade à uns anos atrás. No entanto não desanimem, está prevista uma reedição dessa expansão e mais alguns extras lá para início de 2008!

Um comentário final...

Há um conjunto de coisas que fazem deste jogo um jogo brilhante. O primeiro aspecto é o facto dos jogadores jogarem sempre no fino da navalha no que toca a dinheiro em caixa. Os preços das cartas obrigam a que cada jogador planeie muito bem as suas compras pois os recursos nunca dão para fazer tudo o que se quer.

Os jogadores são aliciados a fazer uma gestão criteriosa dos seus bens para que com eles possam comprar cartas que lhe tragam liquidez suficiente para comprar ainda outras cartas. Esta necessidade quase necrófila de comprar as melhores cartas dá ao jogo uma tensão fabulosa desde que começa até que acaba uma partida.

O segundo aspecto é as múltiplas escolhas que o jogo oferece e a dificuldade em tomar as decisões mais acertadas. Há momentos em que a mais melhor escolha de um jogador é razoavelmente óbvia, mas frequentemente a angústia apoderasse dos jogadores pois as decisões podem ser verdadeiramente difíceis para catano! E é este sal que faz de St. Petersburgo um jogo brutal!

É um jogo inteligente, equilibrado que tanto serve os interesses de jogadores pouco habituados a eurogames (embora disponíveis em iniciarem-se), como regala os apreciadores desta família de boardgames. Por todas estas razões é um dos meus favoritos!

2 comentários:

Jorge Teixeira disse...

Muito bem, parabéns pelo post!

Este já vai valer mais uns geek golden's não?

Abraços

Carlos Abrunhosa disse...

Yah! Já valeu... 2,6 GG