domingo, 5 de abril de 2009

Small World vs Vinci

Deu-se ontem, em Abrantes, a 2ª Convenção anual de Abrantes de Jogos de Tabuleiro: A TrincaCon. Antes de mais, e à semelhança do post anterior, gostava de deixar os meus parabéns à organização e participantes, pela excelente convenção proporcionada.

Visto ter aproveitado para adquirir um novo jogo, gostava de partilhar um pouco as primeiras impressões acerca dele: o Small World!

O Small World, de Philippe Keyaerts e publicado pela Days of Wonder, chega-nos como seguidor do Vinci, agora com temática fantástica, e várias remodelações. Gostaria de deixar alguns pontos de referência, acerca das diferenças de ambos.

Número de Jogadores:
Esta é talvez, e quanto a mim, uma das melhores vantagens trazida pelo Small World: a maior flexibilidade no número de jogadores. O Vinci tem um tabuleiro único que serve de palco para 3 a 6 jogadores; o Small Wold traz-nos vários tabuleiros, para usarmos consoante o número de jogadores que somos, o que nos permite ter sempre “o espaço certo” consoante formos 2, 3, 4 ou 5. Traz-nos assim a possibilidade jogar a dois (o que considero sempre uma mais-valia), e deixamos de ter o problema de ter sempre de andar a tentar ter o número máximo de jogadores (ou pelo menos 4), para conseguir que haja no tabuleiro a interacção considerada ideal. Espera-se a expansão, para que também dê para 6…

Simplicidade:
Julgo que um dos grandes objectivos na criação do Small World terá sido sem dúvida: a simplicidade: tornar o jogo mais “familiar”, no sentido de ser mais fácil a sua explicação e o interiorizar das regras. - O tabuleiro tem várias áreas diferentes: florestas, montanhas, etc. Ora, no Vinci, para conquistarmos uma zona de montanha ou floresta, tínhamos de levar mais x tokens. No Small Wold o número base de tokens necessários para conquistar uma zona é sempre igual (sempre dois), só variando consoante os tokens já presentes no local. Tornou-se mais visual, não temos de decorar que para a montanha são x e para a floresta y, basta olhar para lá e somar 2 aos tokens presentes. Se não houver tokens, é sempre 2, independentemente da zona para que queremos ir.

Temática/Raças/Poderes:
Eu talvez seja suspeita, visto se terem juntado duas coisas que gosto: o Vinci + o tema fantástico. No entanto penso que esta adição de tema trouxe também muita da simplicidade que falava anteriormente. Entramos mais no “tema” se dissermos que somos Esqueletos Espíritos, do que se simplesmente tivermos a usar uma civilização categórica que tem dois poderes especiais. No entanto, acho que no Vinci tinhamos uma maior variabilidade, pelo menos sinto que daqui a uns tempos se está a pedir a expansãozinha com mais raças e poderes, porque estas souberam logo a pouco.

Tempo de Jogo:
Com o Small World temos um número de turnos pré-determinado para o final do jogo, ao contrário do Vinci, que o jogo acaba quando algum jogador chegar a um determinado número de pontos. O Small World torna-se assim um jogo mais rápido (lá está, a questão da simplicidade). Como tudo, há vantagens e desvantagens: No Small World conseguimos planear melhor a longo prazo as nossas jogadas, porque sabemos que faltam x turnos para o jogo acabar, portanto é esse tempo que vamos ter… Mas no Vinci temos uma maior noção de onde está cada jogador na linha de pontuação, e sabemos que devemos tentar “adiantar” ou “atrasar” o fim do jogo, consoante a nossa posição nessa linha…Talvez dependa se preferimos saber gerir um tempo que nós é dado, fixo, ou se preferimos que sejam as próprias jogadas a controlar esse tempo (o que obviamente traz jogos com tempos mais variáveis). Quanto a mim, acho que gosto de ambas as formas, são diferentes e isso sente-se bastante no jogo, mas ambas têm a sua graça.

A Pontuação Final:
E aqui concerteza que surgirá grande discussão consoante as preferências de cada um: Pontuação revelada ou não revelada, é sempre uma questão. No Vinci é suposto vermos o avanço de cada um na linha de pontuações ao longo do jogo, no Small World a pontuação é escondida. Claro que em ambos, podemos sempre fazer a nossa própria regra, e colocar esta questão a gosto. No Vinci temos assim a certeza da posição em que estamos ao longo do decorrer do jogo: temos mais noção do que está a acontecer, mas também temos mais o problema de “estou a frente, portanto estão todos o jogo todo a tentar lixar-me”. Mas acho que no fundo acaba por não ter tanta diferença assim, pode haver mais surpresas, mas apesar de não termos a pontuação à vista, conseguimos ir tendo uma noção de quem tem estado a fazer maior pontuação ou menos, e actuar consoante isso.

Dois pontos:

A “Coesão”:
Um dos pontos, e agora mais específicos que gostava de mencionar, é a questão da Coesão. No Vinci, a nossa civilização tinha necessariamente de estar coesa, isto é, não podíamos ter metade das províncias num sítio e metade noutra. O que acontecia, é que obviamente os inimigos tentavam fazer essa divisão, para que nos víssemos obrigados a perder metade dos nossos tokens. No Small World esta regra da coesão não existe. Por um lado lá está, é a questão da simplificação mais uma vez. Torna o jogo mais descontraído, porque é uma preocupação que se deixa de ter: proteger a civilização de ser dividida. Mas gosto desta regra da coesão no Vinci, acho que insere um certo “picante” ao jogo. Só este pequeno detalhe já consegue deixar os dois jogos bastante diferentes.

E o Dado:
Uma nota final para o dado. De facto o jogo tem um dado, mas não se assustem quem odeia dados, pois não traz uma componente de sorte por ai além. É quase só um “miminho”. Permite aproveitar melhor aquele “último token” que nos sobrou e que de outra forma já não servia para nada. O dado pode ser uma ajuda a conquistar uma última província. Somente isso. E claro há um dos poderes que brinca um bocadinho com isto do dado, mas é bastante temático: berserk!

Nota Final: As vezes quando surge um novo jogo, que reformula outro, costuma acontecer uma de duas coisas: ou deixamos de usar o velho, simplesmente porque o novo veio colmatar as suas falhas, e portanto, é indiscutivelmente melhor; ou preferimos continuar com o antigo, porque é o “clássico” e mostrava muito melhor a essência do jogo. Com o Small Word e o Vinci acho que vou continuar a querer jogar os dois, porque são baseados no mesmo, mas ambos têm as suas delícias.

Como primeira impressão, o Small World terá para mim uma excelente “pontuação”. ;)

Não é todos os dias, que nos podemos transformar em Ratos Voadores ou Trolls Diplomatas.

9 comentários:

Tiagp disse...

Foram esses exactamente os meus pensamentos em relação ao Small World.

Adicionaria apenas a excelente qualidade dos componentes que inclusive inclui uma caixa para guardar os tokens das raças.

Carlos Abrunhosa disse...

Boas Sara!
Antes de mais parabéns pela tua estreia como colaboradora do JE.

Gostei muito de ler a tua review embora nunca tenha jogado nem o Vince nem o novo Small World... assim fica difícil para mim opiniar. :)

Agradeço-te por isso que me ensines a jogar um dos dois numa próxima oportunidade... Ria Con a 23 de Maio ???...

Flotsi disse...

Ena! Excelente! A isto eu chamo conversa da boa. Nunca "quis" conhecer o Vinci e agora fiquei a conhecê-lo e ao seu primo.
Tiveste a felicidade de não jogar comigo, senão saberias - tal como o Asur e a Polaroid bem sabem, coitados- que sou de compreensão muuuito lenta. Explica-me p.f. : "No entanto, acho que no Vinci tinhamos uma maior variabilidade," ... ou seja? e já agora...eh..eh.. nestes jogos o que é um 'Token' e como se conquistam?

Observo a tendência dos tempos, os jogos tentam adaptar-se aos requisitos da sociedade. Maior modularidade, maior jogabilidade.

Ah.. e já te dei os Parabéns? Merecidos!

SaraG. disse...

Carlos : Antes de mais obrigada pelo convite em colaborar.

Com certeza que ensino ehe

Quanto à Ria Con ainda não sei, calha numa data que me é capaz de ir ser um pouco complicado. Mais perto logo direi alguma coisa.


Flotsi: Antes de mais obrigada pelo comentário.

Os tokens basicamente são os nossos "soldadinhos". O jogo consiste em: temos algumas combinações de raça + poder especial disponiveis. (cada uma tem as suas habilidades). Começamos por escolher uma dessas combinações, pegamos nos tais tokens dessa raça (é indicado quantos temos em cada raça) e vamos conquistar as provincias. Depois ganhamos pontos, consoante o número de provincias conquistadas.

Depois, vamos perdendo os "soldadinhos" e quando achamamos que não conseguimos fazer mais com essas raça, entramos com ela em declínio, e escolhemos outra para a substituir.

O jogo consiste no equilibro entre saber escolher quando trocar de raça. E nisso tanto o vinci como o small, são a mesma base.

Quando falei em variabilidade, é que no small world temos as raças e os poderes, que em cada jogo se vão combinando random. Portanto, no fundo existem 14 raças, que vão acabar por ir surgindo sempre, com diferentes poderes combinados. No vinci tem-se simplesmente um saco com vários poderes e as combinações que estão disponiveis para se escolher são "2 poderes tirados random do saco". Acho que acaba por haver mais combinações possiveis, dai a "menor variabilidade" no small. Mas tem mais piada serem raças em termos temáticos lol

Não sei se me expliquei bem, é complicado tar a dar a ideia sem tar com o jogo a frente a mostrar.

Flotsi disse...

Explicaste bem e sem demora! Obrigado.

Flotsi disse...

"Não sei se me expliquei bem, é complicado tar a dar a ideia sem tar com o jogo a frente a mostrar."

Ah pois é! Pensavas o quê? Que isto eram favas contadas? Nah.. mais difícil que um Age of Steam...muito mais... ;)

Jorge Teixeira disse...

Parabéns Sara pelo teu artigo e bem vinda ao JogoEu, a tua colaboração promete depois deste artigo... Continua!

Fiquei com vontade de jogar o jogo, por isso Parabéns!

Beijinhos

Jorge

SaraG. disse...

Obrigada Jorge!

Fico contente de saber que despertei algum "bichinho" para o jogo eheh

Gonçalo disse...

Olá Sara! Sê bem vinda como colaboradora do blog!
Parabéns pelo artigo! Confesso que tb eu fiquei com vontade de jogar o Smallworld...só falta combinar uma partidita.
Beijinhos e que continuem as colaborações.
Gonçalo