quinta-feira, 16 de abril de 2009

Vó(s)z do Brasil

À uns tempos convenci o meu amigo Cacá, editor do blog brasileiro sobre jogos de tabuleiro - Eaitemjogo - para nos escrever sobre o mercado brasileiro dos boardgames. O texto que se segue é da sua autoria.
Um grande abraço e muito obrigado pelo excelente testemunho Cacá!




Jogos de tabuleiro e o mercado brasileiro


UMA BREVE HISTÓRIA

No Brasil sempre tivemos uma boa tradição em sentar com a família e passar horas agradáveis jogando, mas é claro que isso na maioria das vezes remete aos clássicos como Banco Imobiliário (Monopoly) e WAR (uma variação do RISK), mas nesses últimos 25 anos tivemos grandes lançamentos por aqui que acompanhavam uma tendência mundial.

Nos anos 80 grandes títulos vindos de fora passaram pelas prateleiras de brinquedos, tais como Interpol (Scotland Yard), Top Secret (Heimlich & Co.), Cartel (Acquire), Diplomacia (Diplomacy), Contátos Cósmicos (Cosmic Encounter). E tivemos uma grande produção nacional também com bons jogos como RPM e WAR 2 (ambos criados por Mário Seabra) e Escrete (criado por Chico Buarque).


Mas de todos esses casos, apenas o Banco Imobiliário e o WAR ainda vêem mercado, e o que completa essa falta de visão são a proliferação de versões desses jogos somado a quantidade exagerada de party-games, que acabam por fazer com que não haja renovação de público.

BRASIL E OS JOGOS MODERNOS

Atualmente existem várias iniciativas visando mudar esse cenário, afinal temos uma profusão de novos títulos na europa e USA que chegam até nós através de importação, e que poderiam estar sendo lançados por aqui pelos selos que dominam o mercado.

O problema é que apenas as pequenas empresas estão tentando com mais afinco transformar o que atualmente é um nicho em um mercado rentável. A primeira a fazer esse tipo de teste foi a DEVIR que no início dessa década chegou a lançar o Catan e Carcassonne, mas ao contrário do que acontece com a DEVIR Portugal e Espanha, não foi dado mais nenhum passo adiante (mesmo com os lançamentos anteriores tendo sua tiragem esgotada).

Outros casos de tentativa de trazer uma luz para cá vieram da Odysseia (Arte Moderna) e da Ceilikan (Samurai), ambas investiram pesado nos seus lançamentos, tendo se preocupado em criar um novo design aos jogos e não somente traduzir as regras e vendê-los. Mas depois desses lançamentos também nada mais foi feito.

OS CLUBES DE JOGOS, A ILHA DO TABULEIRO E EVENTOS

Aqui no Brasil temos a sorte de em vários cantos do país existirem grupos de jogatinas e eventos regulares (tais como a JogaSampa e o Castelo das Peças) que cada vez mais trazem novos adeptos ao hobby e servem como alavanca para tentar abrir os olhos das grandes empresas.

Um resultado prático foi que depois de mais de 35 anos tivemos uma etapa do campeonato de Monopoly no país. Temos também o site Ilha do Tabuleiro, que tenta trazer o que há de mais moderno em lançamentos, e traça um paralelo ao Board Game Geek que é a referência mundial em jogos.

Com isso fica a cargo dos gamers mais experientes tentar buscar soluções para começar a trazer jogos, com o intuito de mostrar pra molecada nova que existem outras opções de diversão além dos video-games.

7 comentários:

Quebra - Cabeças disse...

Parabéns ao Cacá! Muito interessante e bem redigida a matéria. E a VC CARLOS por essa matéria.

Os jogos no Brasil tem que ser mais divulgados...

bjs
Simone

Flotsi disse...

Muito obrigado Cácá!
Há muito que desejava ter uma perspectiva do que se passa e passou no Brasil.
Penso que faltou falar da Ludus. Excelente exemplo da vossa dinâmica aí.
Cá, também a "nossa" Majora publicou algumas relíquias. Heimlich & Co, Lebre e a tartaruga, etc. Outros tempos, em que ainda seriam menos os que davam valor a estas edições, sabendo que a Internet ajuda imenso a divulgar.

Flotsi disse...

P.S. Quero uma desforra no Arkadia! ;)

Anónimo disse...

Acrescento ainda, ao relato do amigo Cacá, a Ludus que está trazendo muita gente nova para o mundo dos jogos modernos e a dupla de criadores Zatz e Halaban, responsáveis pelos únicos jogos modernos brasileiros disponíveis no mercado, dois deles lançados internacionalmente, o Jogo da Fronteira (Hart an der Grenze) e o Riquezas do Sultão (Sultan).

abs

Carlos Abrunhosa disse...

O texto do Cacá é muito interessante e já tive oportunidade de lhe agradecer esta colaboração, que espero seja primeira de muitas...

Para breve teremos a colaboração de outro "senhor" do panorama brasileiro dos jogos de tabuleiro...

Cacá disse...

Puxa, realmente esqueci da LUDUS que falha!!!!!!!! Fica aqui meu pedidos de desculpas aos amigos de lá que tem dado uma puta alavancada no processo de divulgação dos jogos no Brasil...

Flotsi, é só marcar a revanche do Arkadia, gosto muito daquele jogo, mas é raro ele ver mesa por essas bandas...

Edu, eu não falei dos lançamentos do André/Sergio pois quis dar um foco mesmo no mercado daqui, mas eles realmente são "os caras".

A todos valeus pelos elogios...

Ubiratã de Oliveira disse...

Grande Cacá, grande Carlos (tô sempre por aqui, muito bom o blog sempre...)
Legal essa integração...acho bom pra nós falantes do português...
Ficou bem claro e definido a situação dos tabuleiros aqui no Brasil...deixo aqui só uma brasinha pro meu assado que foi a organização de um prêmio a jogos de tabuleiro (JoTa) que visa criar uma forma de avaliar jogos pros novatos poderem definir o que comprar e pro mercado tomar vergonha na cara...risos...
Braços,
Bira